Não é incomum que as pessoas utilizem esses termos em diferentes situações e com diversos significados. Vamos tentar, em poucas linhas, esclarecer os conceitos ao mesmo tempo em que apresentamos alguns exemplos.
Na década de 60, dois pesquisadores americanos (H. Leavell e E.G.Clark) publicaram um livro texto em que apresentavam um modelo de história natural da doença, isto é, como uma doença se comporta caso não haja qualquer intervenção em seu processo natural. A partir desse modelo, surgiram os conceitos de prevenção primária, secundária e terciária.
Prevenção primária são ações ou atividades voltadas a indivíduos ou populações saudáveis, com o intuito de diminuir ou abolir os fatores de risco relacionados a determinadas enfermidades ou agravos à saúde (p.ex.: vacinação, saneamento, educação sexual, etc.).
Prevenção secundária são ações ou atividades encaminhadas a indivíduos saudáveis ou doentes, direcionadas para a identificação e tratamento precoce de doença ou agravo à saúde (p.ex.: rastreamento do câncer de mama e colo do útero, diagnóstico precoce, tratamento precoce, etc.).
Prevenção terciária são ações ou atividades dirigidas a indivíduos doentes, orientadas para o tratamento e/ou reabilitação de doença avançada ou agravo à saúde (p.ex.: reabilitação motora pós-derrame cerebral com comprometimento da marcha, controle da dor em pacientes com câncer avançado, etc.).
Existem duas novas categorias de prevenção: a primordial e a quaternária. Prevenção primordial são ações ou atividades que visam estabelecer e manter condições de vida e trabalho que minimizem os riscos à saúde da população geral ou de grupos selecionados (p.ex.: políticas ambientais, melhoria das condições de trabalho, melhoria da renda, acesso à cultura, etc.). Prevenção quaternária são ações ou atividades voltadas para indivíduos sob risco de sobre tratamento, para diminuir os danos e protegê-los de novas intervenções desnecessárias (p.ex.: farmacovigilância em hospitais, utilização de guidelines de tratamento, etc.).
Pelo exposto, as ações de prevenção têm como objetivo bloquear o curso natural da doença ou agravo à saúde a partir de uma situação sem doença (período pré-patogênico), passando por uma situação com doença (período patogênico), e após a mesma (morte, cura ou sequela).
Diagnóstico precoce pode ser entendido como uma das ações contidas na prevenção secundária. Tal ação tem como objetivo identificar sinais e sintomas precoces de doenças ou agravos em indivíduos sintomáticos (p.ex.: exame clínico das mamas em mulheres com queixas de nódulo, identificação de gastrite leve em indivíduos com dispepsia, etc.).
Não existe um consenso em relação a essas definições e conceitos. Nos exemplos acima utilizamos como referência materiais técnicos da Organização Mundial da Saúde (OMS) e o texto “clássico” de Leavell e Clark.
Para aprofundar o assunto consulte as seguintes publicações:
1. Bonita R, Beaglehole R, Kjellström T. Epidemiologia Básica. 2ª edición. Washington-DC: OPS, 2008.
2. Leavell S, Clark EG. Medicina Preventiva. São Paulo: McGraw-Hill, 1976.
3. World Health Organization. Cancercontrol :knowledgeintoaction : WHO guide for effectiveprogrammes; module 3. Geneva: WHO, 2007.