O RJTV, telejornal da rede Globo, exibiu, em julho, uma reportagem sobre o HPV (papilomavirus humano) e o câncer de colo de útero. De acordo com a matéria, o câncer de colo uterino atingiu 2 mil mulheres no estado do Rio de Janeiro entre os anos de 2010 e 2011. Tendo em vista a elevada incidência da doença e a falta de informação da população sobre a relação entre o HPV e o câncer, convidamos a oncologista da COI, Dra. Helaine Pelluso, para falar sobre o assunto.
“O papilomavirus humano (HPV) tem papel central no desenvolvimento da neoplasia do colo uterino, sendo detectado em 99,7% dos casos.
A infecção pelo HPV é extremamente frequente, estimando-se que mais de 50% das mulheres sexualmente ativas adquirem o vírus no mínimo uma vez até os 50 anos. A maioria das infecções são transitórias e de resolução espontânea, geralmente num prazo de dois anos. Em 10 a 20% dos casos, porém, ela persiste, sendo de 20 anos o tempo médio entre o início da infecção e o desenvolvimento do carcinoma invasor. Este longo período é favorável ao diagnóstico e tratamento de lesões pré-malignas por meio do rastreio com exame de citologia oncótica (Papanicolau).
Além de fator de risco para câncer do colo do útero e de outros tumores (vulva, vagina, ânus, pênis, cabeça e pescoço), o HPV também se relaciona a condições benignas como as verrugas anogenitais (especialmente HPV 6 e 11).
Dentre os mais de 40 genótipos de HPV, aproximadamente 15 são sabidamente oncogênicos e os mais comuns, HPV 16 e 18, são encontrados em mais de 70% dos casos de câncer do colo uterino.
Foram desenvolvidas duas vacina, contra a infeção pelo HPV, com eficácia entre 93 e 100% dos casos. A vacina quadrivalente oferece proteção contra os sorotipos 16, 18, 6 e 11, enquanto a vacina bivalente tem como alvos os tipos 16 e 18 apenas.
Os estudos clínicos sugerem que a imunização é mais efetiva antes da exposição ao HPV (isto é, antes do início da vida sexual). Nos Estados Unidos, recomenda-se a vacinação com três doses para a população do sexo feminino entre 9 e 26 anos. O tempo de duração da proteção ainda não está bem estabelecido, estimando-se um período de, no mínimo, cinco anos.
A realização do exame preventivo (Papanicolau) continua sendo importante a partir dos 21 anos, mesmo na população vacinada, já que a imunização não abrange todos os tipos de HPV. Da mesma forma, estratégias de prevenção comuns às outras doenças sexualmente transmissíveis também são incentivadas, ressaltando-se o uso de preservativo.”