O tabagismo é classificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença decorrente da dependência da droga “nicotina”, presente em qualquer derivado do tabaco, tais como cigarro, charuto, cachimbo, cigarrilha, narguilé, fumo de rolo, tabaco mascado, rapé.
Essa dependência é um processo complexo que envolve a inter-relação entre os seguintes fatores: fisiológico, psicológico e comportamental.
O fisiológico se caracteriza pela necessidade orgânica, ou física, de nicotina que o fumante apresenta. Após uma tragada no cigarro, a nicotina atinge o cérebro em 7 a 19 segundos, liberando para o sangue substâncias químicas que dão uma sensação muito forte de prazer e bem-estar. Quando se para de fumar, ou seja, de oferecer nicotina ao cérebro, este reage, e o indivíduo passa a apresentar sintomas da “Síndrome de Abstinência da Nicotina”, como, por exemplo, irritabilidade, agressividade, tonteira, tristeza, ansiedade, dificuldade de concentração e principalmente forte desejo de fumar – a chamada “fissura”.
O psicológico tem relação com a necessidade do fumante de utilizar o cigarro com o intuito de aliviar suas tensões internas, como angústia, sensação de vazio, ansiedade, estresse, além de imaginá-lo como um companheiro, em momentos de solidão.
Já em relação ao fator comportamental, o fumante passa a incorporar o cigarro a situações corriqueiras de sua rotina diária, associando-o a essas situações, como fumar após tomar café, após as refeições, ao assistir à televisão, ler, falar ao telefone, ingerir bebidas alcoólicas, ligar o computador, etc.
Por conta disso, o tratamento do tabagismo é baseado na mudança de crenças e comportamentos que levam o indivíduo a fumar. O indivíduo deve entender as razões que o fazem fumar, receber orientações de como se livrar desse vício, como resistir à vontade de fumar e, principalmente, como viver sem cigarro, passando por situações em que estava acostumado a fumar sem acender o cigarro. O importante é que ele mude seu pensamento e seu comportamento para poder viver sem cigarro, detectando situações de risco que o levam a fumar e desenvolvendo habilidades para enfrentar essas situações, que são facilitadoras da recaída.
Dependendo de cada caso, pode-se adicionar o uso de medicamentos que têm a finalidade de diminuir os sintomas da “Síndrome de Abstinência da Nicotina”, fazendo com que deixar de ser fumante não seja tão sofrido.
Os medicamentos utilizados no tratamento do tabagismo que possuem comprovação científica e são comercializados atualmente no Brasil são: Terapia de Reposição de Nicotina, através de adesivo transdérmico; goma de mascar e pastilha; e medicamentos sem nicotina, como a Bupropiona e a Vareniclina.
Recentemente, tem-se discutido o uso de cigarros eletrônicos no tratamento do tabagismo; porém, ainda não existem estudos científicos suficientes que justifiquem seu uso como método para a cessação do tabagismo.
O cigarro eletrônico, como o próprio nome sugere, é um dispositivo eletrônico que imita um cigarro comum (de tabaco), que pode ou não conter nicotina em cartuchos e em diferentes níveis. Estudos encontraram substâncias tóxicas e cancerígenas nos cartuchos do cigarro eletrônico (Dietilenoglicol e Nitrosaminas).
Além disso, níveis de nicotina informados pelos fabricantes podem ser maiores do que a quantidade de nicotina encontrada. Muitos fumantes precisam tragar o vapor do cigarro eletrônico com mais intensidade, uma vez que a densidade do aerossol cai depois de 10 tragadas, o que faz com que o fumante precise sugar ainda mais forte para conseguir produzir o gás pressurizado, como forma de compensação. Outros estudos apontam para o fato de que o uso de cigarro eletrônico por jovens não fumantes pode se tornar uma porta de entrada para que esses comecem a fumar cigarros comuns.
Dessa forma, ainda não existe segurança na utilização do cigarro eletrônico, cuja comercialização e importação é proibida pela ANVISA no Brasil.