Muitos fatores influenciam o aparecimento do câncer. Nas últimas décadas, podemos citar a dieta, a atividade física e o excesso de peso, que mostraram ter participação importante no aparecimento de alguns tipos de câncer. Pesquisas recentes têm demonstrado que o excesso de peso produz um estado crônico de baixo nível de inflamação, podendo provocar danos celulares, em especial no DNA das células.
O número de casos de câncer relacionados à obesidade varia em diferentes regiões do mundo e estão associados com a prevalência de obesidade nas diferentes populações. Os cânceres de mama após a menopausa, de endométrio, de pâncreas, de rim, de cólon e reto, de vesícula biliar e de esôfago (adenocarcinoma) são os cânceres frequentemente relacionados com a obesidade.
O excesso de peso, em especial a obesidade, já é um sério problema de saúde pública em vários países desenvolvidos e, recentemente, em alguns países em desenvolvimento, como, por exemplo, no Brasil. Dados do inquérito telefônico do IBGE de 2013, chamado Vigitel 2013, mostram variações de 47% a 54% de excesso de peso na população adulta nas capitais e no Distrito Federal. O Rio de Janeiro é uma das capitais com valores mais altos tanto na população masculina como na feminina (6° e 5° lugar, respectivamente). A prevalência no Brasil de excesso de peso foi de 50,8% entre os homens e de 47,4% entre as mulheres.
Quando se analisa a obesidade (fator de risco para o câncer), a prevalência no Rio de Janeiro é de 21% na população masculina e de 20% na população feminina. No Brasil, a prevalência para ambos os sexos é de 17,5%. Em geral, a obesidade aumenta com a idade e predomina em pessoas com baixa escolaridade.
Não cabe, neste breve texto, analisar as causas desse incremento do excesso de peso e da obesidade na população brasileira. Devemos destacar, porém, que o excesso de peso e a obesidade estão relacionados com as duas maiores causas de morbidade e mortalidade em nossa população – doenças cardio/cerebrovasculares e câncer.
Em relação ao câncer, estudos recentes vêm mostrando associação entre obesidade e mau prognóstico em pacientes portadores de câncer e também maior risco de recorrência após o tratamento. Se incluirmos os achados de cerca de duas décadas da associação entre obesidade e risco de câncer, podemos imaginar o impacto que essa alta prevalência de obesidade em nosso país (e na cidade do Rio de Janeiro, especialmente) pode acarretar em termos do controle do câncer.
Fazer atividade física regular, manter uma dieta equilibrada e evitar o consumo excessivo de alimentos com alto teor de calorias (p. ex., alimentos industrializados e refrigerantes) contribui para a manutenção de nossa saúde e bem-estar.
Pense nisso!
Dr. Ronaldo Silva é médico sanitarista do Grupo COI